Nunca vivi de ilusões... apesar de ser estreante num clube restrito de mães com crianças que não vêm descritas nos livros, senti imediatamente necessidade de falar sobre a epilepsia do meu filho e suas condicionantes. A minha vontade era de gritar pois sentia-me angustiada e impotente. Sentia que, apesar de rodeada por muitos que me apoiavam, estava só - era uma ilha no meio da multidão.
A epilepsia é uma doença neurológica sobre a qual poucos falam e muitos têm pouca vontade de falar. Os que sofrem dela não a mencionam ou tentam esquecê-la... poucos são aqueles que a assumem devido ao preconceito - este é o maior inimigo do meu filho e não a sua epilepsia.
Apercebi-me da existência deste monstro quando regressei à escola, após o internamento do Diogo no Maria Pia. Foi quando alguns me confidenciaram que também tinham epilepsia mas "estava controlada... já não tenho crises!". Os meus sensores de perigo foram logo alertados e pensei - "Patrícia, estás a entrar em terreno com areias movediças!".
Não me calei desde então... o meu coração sentia-se apaziguado e, na minha mente, gravava a informação que tão penosa era de assimilar. Ao proceder desta forma contribuía com informação que julgava ser suficiente para afastar o preconceito do meu filho e da sua epilepsia. Por tempos fui bem sucedida...
Depois da segunda cirurgia, o Diogo começou a frequentar o primeiro ano do ensino básico. A escola nova, os colegas e as professoras eram uma novidade na vida do rapaz. Já o uso diário e contínuo do capacete - que usava para proteger a cabeça - era um velho hábito adquirido numa primeira ronda por terras de mouros. Foi então que me deparei novamente com o preconceito.
As crianças questionavam os pais, os pais questionavam-me - "Desculpe a pergunta mas o meu filho quer saber por que razão o seu menino usa um capacete" - e eu respondia sem problema e com naturalidade às interrogações que me faziam. Certo dia, fiquei sem palavras quando uma mãe viu o Diogo sem capacete e, arregalando os olhos com uma expressão de absoluta incredulidade, proferiu a frase que me fez tremer - "Nunca pensei que o seu filho fosse um menino tão bonito!".
Pois, o meu filho era diferente, o meu filho era o capacete... a criança fora anulada por um acessório! Senti o meu coração a rasgar-se, senti um aperto no peito e um amor ainda maior pela minha cria. Já no carro e a caminho de casa gritei - "Sim, o meu filho é LINDO, o meu filho é MARAVILHOSO!".
Escondido pelo capacete estava um anjo... uma criança com um coração enorme capaz de oferecer o seu carrinho preferido a um colega, que chorava por outro lhe ter batido, com esperança de fazê-lo feliz... uma criança que me ensinou a amar em toda a plenitude do seu significado... uma criança que me faz acreditar que todos somos capazes... que todos podemos ser melhores.
Acredito que o restrito clube a que dizia pertencer se está a alargar e todas nós, mães de crianças maravilhosas, temos um papel a desempenhar. Acredito que, pela partilha das nossas experiências, podemos começar a mudar mentalidades, despertar consciências... acredito que existem pessoas boas... acredito na construção de um mundo melhor!
Não me calei desde então... o meu coração sentia-se apaziguado e, na minha mente, gravava a informação que tão penosa era de assimilar. Ao proceder desta forma contribuía com informação que julgava ser suficiente para afastar o preconceito do meu filho e da sua epilepsia. Por tempos fui bem sucedida...
Depois da segunda cirurgia, o Diogo começou a frequentar o primeiro ano do ensino básico. A escola nova, os colegas e as professoras eram uma novidade na vida do rapaz. Já o uso diário e contínuo do capacete - que usava para proteger a cabeça - era um velho hábito adquirido numa primeira ronda por terras de mouros. Foi então que me deparei novamente com o preconceito.
As crianças questionavam os pais, os pais questionavam-me - "Desculpe a pergunta mas o meu filho quer saber por que razão o seu menino usa um capacete" - e eu respondia sem problema e com naturalidade às interrogações que me faziam. Certo dia, fiquei sem palavras quando uma mãe viu o Diogo sem capacete e, arregalando os olhos com uma expressão de absoluta incredulidade, proferiu a frase que me fez tremer - "Nunca pensei que o seu filho fosse um menino tão bonito!".
Pois, o meu filho era diferente, o meu filho era o capacete... a criança fora anulada por um acessório! Senti o meu coração a rasgar-se, senti um aperto no peito e um amor ainda maior pela minha cria. Já no carro e a caminho de casa gritei - "Sim, o meu filho é LINDO, o meu filho é MARAVILHOSO!".
Escondido pelo capacete estava um anjo... uma criança com um coração enorme capaz de oferecer o seu carrinho preferido a um colega, que chorava por outro lhe ter batido, com esperança de fazê-lo feliz... uma criança que me ensinou a amar em toda a plenitude do seu significado... uma criança que me faz acreditar que todos somos capazes... que todos podemos ser melhores.
Acredito que o restrito clube a que dizia pertencer se está a alargar e todas nós, mães de crianças maravilhosas, temos um papel a desempenhar. Acredito que, pela partilha das nossas experiências, podemos começar a mudar mentalidades, despertar consciências... acredito que existem pessoas boas... acredito na construção de um mundo melhor!