Cada um com
as suas crenças … e eu com as minhas. Todos os anos, nesta mesma altura, é
hábito fazer uma retrospetiva do que experimentei durante mais uma volta em
torno do Sol.
Todos os
anos celebro a família maravilhosa que está sempre comigo, perto ou longe. uns
mais presentes, outros distantes, mas todos sempre comigo. Celebro os meus
amigos, alguns ganhei pelas diferentes escolas por onde já passei, outros
cruzaram o meu caminho em alturas de aprendizagem e, cada um à sua maneira,
contribuiu para o meu desenvolvimento e, claro, tenho aqueles amigos
que me acompanharam pela vida, desde os tempos de criança até aos dias de hoje.
Com eles partilhei brincadeiras inocentes como a exploração de casas abandonadas
e misteriosas, jogos de polícias e ladrões e conversas nos walkie
talkies, capazes de endoidecer os moradores do Bairro da Granja. As
quedas em pântanos temporários e a descoberta da sua fauna e flora que
culminava com os ralhetes das funcionárias do bloco onde tínhamos aulas …
coitadas! O trabalho inglório de varrer a lama seca que transportávamos nas
botas para a sala de aula. Adolescência é também a altura dos amores
platónicos, do início da curiosidade pelo desconhecido e muito mais! E
digo-vos, tenho o privilégio de ter partilhado tudo, isto e muito mais, com os
MELHORES! Os MEUS amigos! Aqueles que me têm acompanhado, aqueles que estão
comigo nos bons e menos bons momentos, aqueles que oferecem o ombro e nos ouvem
ou nos chamam à razão. Aqueles que se alegram com a tua felicidade e te amparam
na tristeza, também aqueles que podem ser autênticas pragas, mas que continuam
aqui por ti e por todos nós. Os vossos também serão bons amigos, não duvido,
mas não há amigos como os meus!
O renascimento
é uma constante no meu caminho pois todos os anos têm sido transformadores para
este escorpião errante. Já vagueei, sem rumo, perdida inúmeras vezes do meu propósito,
mas, de cada vez que me perdi também soube reencontrar-me e cada vez mais
forte. Esta foi uma das descobertas mais significativas e que me acompanha
desde então - nesta vida podemos renascer vezes sem fim. Sempre defendi que o
impossível não existe, mas a grande diferença encontrei-a entre o dizer e o
fazer. Sim, eu sou capaz! Sim, tenho o futuro nas minhas mãos! Sim, eu consigo!
Aprendi, ao
longo do tempo, que a mudança não é assustadora, mas necessária para
avançarmos. Não é imediata nem visível, faz-se ao ritmo de cada um, de dentro
para fora e é profundamente enriquecedora. Se pararmos no tempo, arriscamos a
perder o norte e a não nos encontrarmos mais, mas eu reencontrei a minha
criança interior, dei-lhe espaço e permiti-me partilhar a aventura desta vida.
É impressionante como tudo flui naturalmente quando nos valorizamos e nos
permitimos descobrir o desconhecido.
Também sei
que é impossível agradar a todos - quem gosta de mim fá-lo desinteressadamente,
não me julga nem pede nada em troca. Aprendi que a felicidade depende só de nós
e nem sempre será também a felicidade de outros. Acredito que cada um de nós
tem a sua missão por cumprir e eu procuro concretizar a minha. De encruzilhada
em encruzilhada, descubro um pouco mais de mim, capacito-me e sigo o meu
caminho, sempre com os MEUS ao meu lado, aqui ou na eternidade, todos
contribuem para a minha felicidade.
Para 2024
quero ter tempo para mim e para os meus, tempo para apreciar a vida e continuar
a renascer as vezes necessárias, pois a cada saída de um casulo surge uma nova
e bonita borboleta.
Que as estrelas brilhem para além da escuridão, sejam felizes!