sexta-feira, 23 de julho de 2021

Meu querido filho, meu amor maior...



Parabéns pelos teus quinze anos, meu querido filho, meu amor maior! O que poderei desejar-te para além de todas as possibilidades que irão surgir ao longo da tua vida? 
Pudesse ser mágica e transformar os momentos menos bons, por que já passaste, em doces recordações. Pudesse fazer ilusionismo e desaparecer com o preconceito e as mentalidades "pequeninas" que se manifestam na nossa sociedade e que, ao contrário do que se diz, são ainda dominantes. Pudesse ser trapezista e ensinar-te a manter o equilíbrio entre sonhar e ter os pés assentes na terra para que as tuas espectativas sejam correspondidas. Ai, meu filho!... Como gostava de poder proteger-te para sempre das amarguras da Vida, mas não é essa a minha missão. 
Em tempos disseram-me que são os filhos que escolhem os pais e eu acreditei. Temos feito uma longa e árdua caminhada, sempre de mãos entrelaçadas e com um sorriso no rosto. Tens ultrapassado obstáculos ao teu ritmo, com muita resiliência e sempre rodeado de todos aqueles que te amam. Sou uma privilegiada por ser "a escolhida" pois vivencio o significado de amor incondicional e sou uma aprendiza feliz nesta jornada em que te acompanho.
Meu amor, sei que nem sempre me sinto capaz de fazer este caminho. Por vezes as forças parecem abandonar-nos e cada passo dado tem um peso maior. Sei que o teu futuro é já amanhã e este pensamento assusta-me. Se olho para trás, sinto que o tempo passou muito depressa e não consegui gozar todos os momentos da tua existência. Contudo, sei que seria incapaz de amar-te mais pois o meu coração transborda este sentimento tão doce que carrego desde o dia em que nasceste.
Tornaste-te o meu "mestre" na Vida, com o teu sorriso e abraço apertado. Contigo vou sempre além, meu filho amoroso! 
És o meu Sol, és a minha Lua e as estrelas que brilham no meio da escuridão. E eu amar-te-ei pela eternidade!




segunda-feira, 5 de julho de 2021

Perdida de mim...




Sim. Sinto-me perdida. Presa numa inércia que me magoa a alma e numa tristeza que antecipa um futuro novamente incerto e pouco nítido. Sim, estou cansada! Cansada de viver na corda bamba. Cansada de querer e não poder. Cansada de ser  forte para os outros e tão fraca para mim! Cansada de me fazer de forte quando o que realmente desejo é que me mimem também e tirem o peso que carrego no meu coração. 
Quero fugir de mim, deambular ao sabor das recordações doces e apagar as tormentas que já me assolaram. As feridas não cicatrizam e o tempo não volta atrás. O amor tudo pode mas não é de ferro. E quanto maior a sua devoção, mais insustentável se torna a impotência de amar em pleno e incondicionalmente. O que nos resta quando perdemos a capacidade de fazer bem a quem queremos bem, de dar o nosso melhor e receamos fracassar?
Não importa o que já tenha vivido se o ponto em que me encontro não me permite avançar. Já o disse e repito: esqueci quem fui e não reconheço quem sou. Estou farta de me sentir assim! Está na hora de avivar a memória... verbalizar o que me atormenta pois tomo uma consciência diferente de mim e do que sinto. Se perdi algo pelo caminho? Muito! Mas posso conquistar outro tanto. Baixar os braços? Não me parece... Primeiro passo, equilibrar a minha energia e orientá-la para aquela que já fui e voltarei a reerguer. Vontade, fé e foco! Tu queres, tu podes, tu consegues! 
Porra! 

segunda-feira, 10 de maio de 2021

Trancada a sete chaves



Parece que o tempo parou mas, na realidade, fui eu que estagnei. Apesar de ter aprendido muito sobre mim e sobre os outros, sinto-me sem reação perante o que se passa à minha volta. Quase como um espectador silencioso ou mero observador. 
Ao longo do ano que passou tenho visto um lado meu bastante obscuro que preferia manter trancado, algures num porão perdido da minha existência. Como tal não é possível, partilho convosco algumas das minhas sombras.
Este período de desconfinamento deu-me a oportunidade de reconhecer uma grande perda emocional e pessoal. Transformei-me numa couraça rígida e impenetrável, onde escondo os meus sentimentos, faço os meus monólogos e sinto só uma profunda nostalgia daquela que fui um dia. Sinto-me mais pobre apesar de continuar a somar experiências e aprendizagens. Sinto-me à deriva, apesar de saber onde fica o meu Norte e saber como lá voltar, mas sem energia para fazê-lo.
Sinto-me distante e fria. Sinto fingir ser quem fui e que perdi o fogo interior que me aquecia e guiava nos melhores e piores momentos da minha vida. Habituei-me ao silêncio e tornei-me sua companheira. Talvez estas palavras sejam um primeiro passo para reacender a centelha que sempre iluminou a minha existência. Talvez nasça a vontade de sair desta escuridão a que me rendi. Talvez este silêncio seja mais uma caminhada com um propósito. 
Apetece-me reagir mas acomodei-me ao silêncio e inércia interiores. Assim, passo o tempo, descobrindo o que esqueci e o que quero recuperar, de modo a sentir-me novamente viva e não uma assombração daquela que já fui. Talvez o amanhã seja outro dia, mas um pouco melhor.