segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Gratidão


Depois de um passo decisivo para o meu futuro, algo que me abriu os olhos e permitiu fazer um balanço da minha vida, sinto-me invadida por um tremendo sentimento de gratidão. 
Sinto-me grata por ter cruzado o meu caminho com aqueles que partilharam comigo o passado fim de semana pois são os catalisadores da mudança que já se iniciou.
Sou grata pelos meus filhos - um desafio constante - e pelo meu marido - companheiro e melhor amigo. 
Sinto-me grata pela família linda que tenho, sempre presente, nos bons e maus momentos - um apoio incondicional. 
Sinto-me grata pelas pedras da calçada que me fizeram tropeçar e mudar de direção. Sinto-me grata por ter deparado com obstáculos que me fizeram arregaçar mangas e dar luta à vida, ultrapassar barreiras que julgava intransponíveis e retirar aprendizagens que me enriqueceram como ser humano. 
Sou grata a todos os meus amigos por estarem sempre comigo, presentes ou ausentes. 
Sou grata por cada dia vivido e por toda a beleza que encontro em meu redor. 
Sou grata por poder ver o azul do céu ou as nuvens que o cobrem. 
Sou grata por sentir e por partilhar as emoções que vivencio com quem me rodeia. 
Sou grata por cada lágrima derramada, por cada sorriso, por cada abraço que dou e recebo. 
Sou grata pela vida, pelas pequenas coisas com que me presenteia, pela imensidão de sensações que me percorrem cada poro da pele. 
Sou grata por existir, simplesmente, e poder fazer os outros felizes. Nada me dá mais prazer do que fazer alguém sorrir, mesmo que o seu interior esteja estilhaçado. 
Sou grata por tudo isto e muito mais! 
A vida não é um mar de rosas mas as tempestades não são uma constante. Existem períodos de acalmia que me permitem sonhar e sarrabiscar aquilo que quero... e se és capaz de sonhar, és capaz de realizar. Acredita! 

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Amor Eterno


A minha Vida tem seguido por caminhos misteriosos que sempre fomentaram em mim uma enorme curiosidade. Até simples acontecimentos, aparentemente aleatórios, parecem assumir-se como respostas a questões que partilho com poucos, apenas aqueles que se predispõem a ouvir as minhas divagações.
Um dos maiores ensinamentos - que se tem vincado profundamente na minha insignificante existência - é o poder do amor que une aquilo a que damos o nome de Almas. Não duvido, sequer por um instante, da sua grandiosidade e manifestação contínua entre vidas. Por vezes, sinto-me uma simples observadora que se transforma numa contadora de histórias, as histórias daqueles que foram meus no passado e continuam a sê-lo no presente. Sei - pois sinto-o convictamente - esta vida é apenas uma passagem que poderá tornar-se num ciclo de encontros e desencontros entre almas que partilharam, neste plano, o verdadeiro amor. E estes ciclos são feitos de partidas e chegadas, onde a morte e o nascimento se equilibram e o reencontro é protagonizado, sem memória do passado. 
Recordo uma conversa com a minha avó Aida sobre a escolha de nomes para o meu primeiro filho, ainda sem conhecimento do sexo da criança. A única resistência protagonizada pela futura bisa teve como alvo um nome de menina - Carlota, não. Não gosto nada desse nome! Gosto muito de Clara!... - E dava para perceber que aquele nome lhe enchia as medidas, mas nasceu o Diogo e, mais tarde, a nossa Laura, já a minha avó partira.
Os anos passaram e anuncia-se novo nascimento na família, uma menina! Os futuros pais também gostavam muito do nome Carlota mas eu sabia que seria destronado. Tão certo como chamar-me Patrícia - comentava com a tia da criança. - A avó não gostava nada desse nome. Aposto que irá chamar-se Clara!
Sei que as duas conversas ocorreram na ausência dos futuros pais, sei que ninguém influenciou na escolha do nome e sei que nasceu uma Clarinha. Uma menina que representa uma ligação entre duas almas que partilharam um amor verdadeiro que as manterá unidas pela eternidade, seja esta quando for. E fechou-se mais um ciclo, feito de partidas e novas chegadas, sucedendo e regenerando ligações entre almas unidas por um amor imenso, um amor eterno, um amor sem memórias mas vivido intensamente.


segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Epilepsia, conta-me como és.


Hoje comemora-se o Dia Internacional da Epilepsia. Mais um ano... já lá vão dez. Continuamos juntos, ano após ano, numa luta incessante ao preconceito e com esperança num futuro melhor. Deixei de me lamentar há muito pois tenho um filho que tem vencido diferentes obstáculos com muita coragem, nem ele imagina quanta! 
O nosso rapaz vive com a sua epilepsia de um modo indescritível. Fala nela como se nada fosse, gosta de saber se fez crises durante a noite e quantas, não se sente inferior a ninguém e é competitivo e exigente com ele mesmo. Gosta de aprender e ensina muitos a viver. Atira-se de cabeça para a descoberta e não tem receio perante o desconhecido. Se alguns não o aceitam, o rapaz não desarma e transforma-se numa autêntica melga. Já lhe expliquei que não nos devemos impor quando não desejam a nossa companhia e o Diogo responde - Está bem, mãe. Eu vou dar-lhes um tempo. Posso brincar com outros amigos. - E a verdade é que nunca está só, tem sempre um amigo ao seu lado. Sempre ensinamos o nosso filho a conviver com a diferença e a respeitá-la. Dá tudo e tem um sentido de justiça inigualável. 
O Diogo vive com a sua epilepsia desde os vinte e um meses, não conhece - melhor - não tem recordações de outra realidade. A toma da medicação é uma rotina que sempre acompanhou o pequeno almoço e o jantar. Não sente restrições no seu quotidiano e faz uma vida normal. 
Fomos sempre sinceros com o nosso rapaz. Sabe tudo sobre a sua companheira e as dificuldades que a própria provoca no seu desempenho escolar. Sendo um aluno humilde, e reconhecendo as suas dificuldades, pede e aceita ajuda. A epilepsia do Diogo não é desconhecida para ninguém.
Infelizmente, não é assim para todos. Muitos vivem com o receio de terem crises em público, de não serem tratados como iguais, de serem estigmatizados pela sociedade. Muitos contam apenas aos amigos mais próximos e vivem num estado de ansiedade constante, tornando-se pessoas infelizes, vulneráveis e depressivas, e eu questiono-me se não estarão a contribuir para o aumento do preconceito. Afinal, se não nos aceitamos como somos, se não gostamos de quem somos, como poderemos ser felizes? Como poderemos sentir-nos bem com a vida e com os que nos rodeiam? Como poderemos contribuir para um futuro melhor? 
Para nós, como pais, foi muito difícil... mas tudo faremos para que o nosso filho seja feliz. O primeiro passo consiste em aceitar, o segundo passo é não esconder. As feridas curam-se e, por vezes, abrem-se, mas nunca para sempre. As cores de um arco-íris aparecem sempre depois de uma tempestade.
Sejam felizes!