segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Epilepsia, conta-me como és.


Hoje comemora-se o Dia Internacional da Epilepsia. Mais um ano... já lá vão dez. Continuamos juntos, ano após ano, numa luta incessante ao preconceito e com esperança num futuro melhor. Deixei de me lamentar há muito pois tenho um filho que tem vencido diferentes obstáculos com muita coragem, nem ele imagina quanta! 
O nosso rapaz vive com a sua epilepsia de um modo indescritível. Fala nela como se nada fosse, gosta de saber se fez crises durante a noite e quantas, não se sente inferior a ninguém e é competitivo e exigente com ele mesmo. Gosta de aprender e ensina muitos a viver. Atira-se de cabeça para a descoberta e não tem receio perante o desconhecido. Se alguns não o aceitam, o rapaz não desarma e transforma-se numa autêntica melga. Já lhe expliquei que não nos devemos impor quando não desejam a nossa companhia e o Diogo responde - Está bem, mãe. Eu vou dar-lhes um tempo. Posso brincar com outros amigos. - E a verdade é que nunca está só, tem sempre um amigo ao seu lado. Sempre ensinamos o nosso filho a conviver com a diferença e a respeitá-la. Dá tudo e tem um sentido de justiça inigualável. 
O Diogo vive com a sua epilepsia desde os vinte e um meses, não conhece - melhor - não tem recordações de outra realidade. A toma da medicação é uma rotina que sempre acompanhou o pequeno almoço e o jantar. Não sente restrições no seu quotidiano e faz uma vida normal. 
Fomos sempre sinceros com o nosso rapaz. Sabe tudo sobre a sua companheira e as dificuldades que a própria provoca no seu desempenho escolar. Sendo um aluno humilde, e reconhecendo as suas dificuldades, pede e aceita ajuda. A epilepsia do Diogo não é desconhecida para ninguém.
Infelizmente, não é assim para todos. Muitos vivem com o receio de terem crises em público, de não serem tratados como iguais, de serem estigmatizados pela sociedade. Muitos contam apenas aos amigos mais próximos e vivem num estado de ansiedade constante, tornando-se pessoas infelizes, vulneráveis e depressivas, e eu questiono-me se não estarão a contribuir para o aumento do preconceito. Afinal, se não nos aceitamos como somos, se não gostamos de quem somos, como poderemos ser felizes? Como poderemos sentir-nos bem com a vida e com os que nos rodeiam? Como poderemos contribuir para um futuro melhor? 
Para nós, como pais, foi muito difícil... mas tudo faremos para que o nosso filho seja feliz. O primeiro passo consiste em aceitar, o segundo passo é não esconder. As feridas curam-se e, por vezes, abrem-se, mas nunca para sempre. As cores de um arco-íris aparecem sempre depois de uma tempestade.
Sejam felizes!

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