domingo, 7 de fevereiro de 2016

8 de fevereiro - Dia Internacional da Epilepsia


Existe uma efeméride que não me é indiferente e que se comemora na segunda-feira, da segunda semana de fevereiro - o Dia Internacional da Epilepsia - e é tão fácil de se adivinhar a razão...
Vivo com a epilepsia diariamente há cerca de oito anos e, como se diz, primeiro estranha-se e depois entranha-se. No início foi um autêntico pesadelo! Com o tempo, as rotinas ajustaram-se, o convívio diário com a epilepsia tornou-se familiar e seguimos todos em frente.
Desde então aprendi a valorizar as pequenas conquistas do meu filho, todas feitas por ele e ao seu ritmo. O processo de aceitação instalou-se e, degrau a degrau, temos avançado - sempre com o bem-estar do nosso filho como prioridade. A cada embate seguem-se novas aprendizagens, a descoberta de novos horizontes... e a consciência de vivermos numa sociedade cada vez mais castradora, desigual e preconceituosa.
Na verdade, a epilepsia é muito mais do que ter crises... a epilepsia implica muito mais do que podemos imaginar. A epilepsia, como a do meu filho, é para toda a vida! Exige muito dele mas também de todos aqueles que o rodeiam: exige que tenhamos capacidade para nos reestruturarmos como família pois as relações são brutalmente minadas pelo sentimento de impotência; exige um processo de aceitação infindável e muito doloroso; exige um processo de desformatação que se torna a base de um novo entendimento do ser, distinto daquele que apreendemos desde cedo; exige que sejamos capazes de aprender com as dificuldades e ajustemos os nossos sonhos à dura realidade; exige uma capacidade de adaptação quase sobre humana quando aquele que amamos não corresponde aos parâmetros de perfeição exigidos pela sociedade; exige uma luta constante contra o preconceito e a desigualdade... muito? Não, exige tudo de nós!
Oito anos passaram e, apesar de muito se ter feito, muito mais há ainda por fazer. Muitos obstáculos têm sido ultrapassados e o nosso Diogo recebeu parte das ferramentas que permitir-lhe-ão construir o seu caminho. É uma criança amorosa, justa e amiga - com um coração de ouro que cativa aqueles que trabalham com ele. É uma criança com consciência das suas dificuldades, possuidor de uma humildade que lhe permite aceitar ajuda para melhorar e sabedor de que, apesar de tudo, não é inferior a ninguém, por isso, não gosta de ser tratado de modo diferente. 
A diferença reside na mentalidade dos outros - não no meu filho - ele é autêntico e feliz! A sua epilepsia anda de mãos dadas connosco e tornou-se nossa companheira de viagem... sendo assim, comemoremos o seu dia - o Dia Internacional da Epilepsia!


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