quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

A magia do Natal


O Natal é mágico!... A minha meninice foi muito feliz e a minha família transmitiu-me sempre os valores da família, da solidariedade e compaixão. Nunca foi uma quadra em que fomentaram o consumismo - o dar era generoso e significava partilhar, os embrulhos eram revestidos de amor e os laçarotes representavam os laços que nos uniam.
Recordo-me do Natal no palacete que nos acolheu quando chegámos de Angola, a terra que nos vira crescer. O pinheiro era adornado e colocado ao lado da lareira que crispava à medida que o fogo consumia a lenha e eu, pequena mas a mais velha dos netos, partilhava com meu irmão e os meus primos a ansiedade da chegada do Pai Natal. A família reunia-se, o som das conversas e o riso dos mais velhos enchia de calor aquela sala e nós - os pequenos - perguntávamos se aquela figura grande e barbuda ainda estaria muito longe da nossa casa.
Pouco faltava para a meia noite e o meu avô Armando levava-nos a dar uma volta pelas ruas de Fafe - "Talvez o encontremos pelo caminho..." - mas nunca nos cruzávamos com o barrigudo. Regressávamos ao palacete e os nossos corações pulavam de alegria - "O Pai Natal já passou!!" - gritávamos em uníssono. Chegara a altura de rasgar os embrulhos e descobrir as surpresas que escondiam. 
Depois crescemos mas a magia continua. Os papeis são protagonizados por outros, os nossos filhos, e o Pai Natal tem nome - Filipe, o meu marido. Ainda a minha prima Aida era pequena e o Pai Natal já era protagonizado pelo futuro membro desta família. Já não vivemos no palacete há muito tempo mas o sentimento de partilha, de estar em família e fazer as delícias dos pequenos permanece. Não estamos todos... o meu avô Armando, a minha avó Aida e a minha tia Teresa já não se encontram entre nós mas são sempre recordados, não só neste dia mas todos os dias das nossas vidas. A nostalgia apodera-se daqueles que com eles cresceram e a sua lembrança é transmitida aos mais pequenos. Relembram-se histórias, partilham-se momentos e damos risadas em sua memória. Fazem-nos tanta falta!
Depois da reunião à mesa, perto da meia noite, chega a hora do Filipe ir dar uma volta. Sobe e no quarto veste a personagem de Pai Natal... quando está pronto, dá um sinal e desce pelo elevador - sinal dos tempos modernos - dizendo bem alto "Oh, Oh, Oooh!". Instala-se o caos, miúdos e graúdos ficam eufóricos e esperamos ansiosamente a abertura da porta. "Chegou, chegou!" - gritam os meus filhos e o ritual repete-se. Não faço questão de quebrar o encanto da noite, quando descobrirem, descobriram. Esta tradição é mantida na nossa família desde sempre e pretendo que os meus filhos a vivam tão intensamente quanto eu vivi. 

Para todos vós que me acompanham e partilham a minha história, enriquecendo-a...
Para todos que cruzaram os seus caminhos com o meu e deixaram a sua marca...
Para todos que fazem parte do meu baú de doces recordações..
Para aqueles que me seguem, lado a lado, na caminhada pela busca da felicidade...

Um Santo Natal!


3 comentários:

  1. Gosto tanto ♥️ de ler as tuas histórias! Revi a minha infância em algumas das tuas frases!��
    Feliz Natal! ������

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    1. Obrigada por me leres, querida Susana! Um feliz Natal e sê muito, muito feliz!

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