quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Mea culpa


Gosto de escrever. Sinto-me bem pois ajuda-me a refletir, a organizar ideias, e este é mais um desses momentos. Como já contei anteriormente, o presente ano letivo está a ser revelador... estou a ser bombardeada por desafios e a confrontar-me com consequências de escolhas que fiz.
Recuando no tempo, lembro-me das noites mal dormidas durante a gravidez da minha Laurinha. Recordo com nitidez o receio de ser incapaz de partilhar com a minha piolha o amor que tinha pelo seu irmão. Tive muito medo que o destino me reservasse mais uma mutação aleatória e que o inferno fosse ainda pior do que aquele que vivia. Parecia-me insuportável a ideia de passar outra vez pelo mesmo pesadelo.
A segunda gravidez foi muito desejada e, apesar de adiada, não teve como objetivo ter um filho que cuidasse do irmão. Sempre idealizei ter três filhos mas fiquei pelos dois. Costumo dizer que tenho dois filhos que valem por quatro! 
O Diogo exige muito devido à sua epilepsia refractária e tudo o que esta implica. A Laurinha não exige menos. É uma criança saudável mas a sua personalidade é forte e, sei agora, moldada à necessidade de ter a mesma atenção dedicada ao mano mais velho. Sempre tivemos presente a importância de manter o equilíbrio com os nossos filhos, de partilhar com ambos tudo a que tinham direito, mas falhámos - eu falhei! Não é fácil de admitir - mas é verdade! - e lembro-me bem da chamada de atenção da minha filha que, aos três anos, imitou perfeitamente uma crise idêntica às do Diogo.
A Laurinha já está na escola, é uma criança feliz e cheia de vida. Cativa todos com o seu sorriso e conquista com a sua simpatia. A Laurinha é autónoma nas suas tarefas e, apesar de não aceitar pacificamente uma correção, exige que me sente ao seu lado e assista, calada, à realização dos trabalhos de casa. Está no seu direito!
Os nossos feitios chocam e fazemos faísca quando a minha filha se lembra de fazer birras como chamadas de atenção. Reconheço não ter paciência para aturar as birras da piolha mas reconheço também a minha culpa na trama da Laura. Sinto que tem necessidade de lutar por conquistar o seu lugar... apesar de o ter e ser apenas seu, desde o dia em que nasceu. 
O nosso furacão, o diabo de saias cá de casa,... a nossa princesa irá crescer e, um dia, saberá que foi desde sempre a nossa rainha. Amo-te, minha querida filha, daqui até à Lua!

Sem comentários:

Enviar um comentário