sábado, 22 de outubro de 2016

Integração... para que te quero?


- " Mãe, pela primeira vez, sei o que é ser feliz na escola."
Fiquei muito feliz quando o Diogo me fez esta confidência mas fez-me pensar em cada palavra usada, na entoação dada e o verdadeiro significado do seu conjunto. Aquele "pela primeira vez" soou-me a mudança, a uma alteração do estado de espírito do meu filho e seria mais significativa e profunda do que alguma vez almejara. O uso destas três simples palavras provocou em mim um turbilhão de dúvidas e questionei se, alguma vez, o meu filho fora feliz na escola.
Como sabem, a sua entrada para o primeiro ano coincidiu com a segunda cirurgia de epilepsia. A sequela herdada foi a perda da consciência fonológica e, por isso, a aquisição de aprendizagens foi comprometida. Desde logo, teve o apoio de uma professora de educação especial - a nossa querida professora Alda - terapia da fala e terapia ocupacional, solicitadas logo que tivemos conhecimento de todas as possíveis sequelas. O meu filho adorava a professora P., professora titular da turma, que teve um trabalho louvável em conhecê-lo, integrá-lo na turma e transmitir-lhe confiança mesmo quando ele dizia não ser capaz. O trabalho articulado entre todas as professoras, que trabalhavam as suas dificuldades, foi precioso e o nosso rapaz evoluiu imenso. Contudo, todo esse trabalho era realizado numa salinha à parte, sempre só, sem os seus colegas. Tal condição era necessária pois o Diogo sofria de um défice de atenção e concentração muito acentuado. Era tão fácil para o meu filho distrair-se com um lápis e entrar num mundo imaginário só seu!...
Agora sei que, apesar de ser feliz, de gostar de todas as professoras e dos seus colegas, o Diogo ansiava, em segredo, ser verdadeiramente integrado na escola. Este seu desejo secreto relacionava-se com a partilha integral do espaço sala de aula e com a sua participação como igual nas atividades letivas.
A mudança de turma não criou qualquer instabilidade no meu rapaz. Conheço-o bem e, apesar de tudo, tem muita facilidade em fazer amigos. A professora P. será sempre uma referência para ele mas a separação tornara-se inevitável. Os colegas continuam a ser colegas mas ganharam um estatuto diferente - são os colegas antigos. 
A matrícula no terceiro ano, numa turma de terceiro ano, só beneficiou o Diogo pois foi confrontado com experiências novas, colegas novos e professora nova. Aquilo que ameaçava ser um fator perturbador no seu desenvolvimento tornou-se uma lufada de ar fresco. A motivação, o empenho e a vontade de melhorar foram revigorados. O nosso Diogo partilha o mesmo espaço e as mesmas atividades com os novos colegas
Agora, o meu filho é verdadeiramente feliz! Finalmente sente-se aceite. Finalmente é igual aos colegas. Finalmente está integrado! 

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