segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

De que são feitos os sonhos...


Sou e serei a eterna sonhadora... Apesar do conteúdo dos meus sonhos se ter metamorfoseado ao longo do tempo, nunca perdi a vontade de sonhar e, muito menos, de os concretizar.
Não me recordo dos sonhos que tinha em criança mas, certamente, seriam marcados pela ingenuidade e fantasia com que vivi a minha meninice. A adolescente que fui também se manifestou no modo como sonhei... Recordo que "sonhava acordada", embalada pelas melodias que se ouviam na altura e imaginava o meu futuro ao lado de alguém que me faria feliz. Ainda desconhecedora do que viria, imaginava-me a ajudar os outros, a combater injustiças e o preconceito. Lutaria pelas causas dos desprotegidos, daqueles que padeciam da insensibilidade da sociedade que os alienava. Queria e sonhava poder ajudar os outros.
Entretanto, cresci e licenciei-me em geologia. Lá no fundo do meu ser, desejava contribuir para a formação individual de cada aluno, marcar de algum modo a vida daqueles a quem ensinava o que mais gostava. Sei que marquei e afortunadamente também fui marcada. Nunca perdi a esperança nas nossas crianças nem nos nossos jovens. E o tempo passou...
Foi um sonho que marcou o início desta história que vos conto - um sonho premonitório - que antecedeu alguns dias a manifestação devastadora da epilepsia do meu filho e, de um modo avassalador, transformou o caminho que percorríamos.
Pela primeira vez, vivia a maternidade e gozava o meu filho apreciando cada momento, cada gesto, cada sorriso com que aquele pequeno anjo me brindava. Sonhava com ele, com as nossas vidas e com um futuro colorido. Quis o destino que estes sonhos fossem substituídos por outros, mas com um denominador comum - a felicidade do Diogo - e as nossas vidas prosseguiram.
A vida brinda-nos com maturidade e a capacidade de lutar pelo que desejamos. Sendo assim, seguimos por caminhos meandrizados, marcados por obstáculos que pensávamos intransponíveis mas que foram sendo ultrapassados.
Ao longo do tempo, aprendi que as tempestades não se instalam nas nossas vidas para sempre. Seguem-se períodos de acalmia que nos permitem assimilar aprendizagens e crescer como indivíduos. Quando as tempestades passam, temos a oportunidade de curar as feridas e refortalecermo-nos para próximos desafios. 
Tenho uma grande convicção - sei que sigo um caminho que, de algum modo, já está traçado e que se vai revelando aos poucos. Sei que os meus sonhos se têm realizado e continuarão a ser concretizados porque luto por eles!
A felicidade que almejamos não é a perfeição, nem o mundo de fantasia em que as personagens vivem felizes para sempre. A felicidade é o somatório de conquistas - umas maiores do que outras - é a descoberta de um eu melhor, aquele que se ergue de cada vez que cai. É a força que vamos ganhando a cada embate, a cada derrocada. A felicidade conquista-se e aprende-se a ser vivida.
E os meus sonhos, de que são feitos os meus sonhos?... 
Nos meus sonhos deposito uma sementinha de esperança que revisto, carinhosamente, com os valores que me foram incutidos em criança. Protejo-a com a minha enorme vontade de que um dia germine e dê frutos doces. Alimento-a com paciência, muita paciência... e luto, todos os dias, para que vingue e se transforme em felicidade - o motor que me permite trilhar o meu caminho - pois acredito que o sonho comanda a vida!

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