segunda-feira, 23 de abril de 2018

Espelhos da alma



Quem me conhece bem diz que sou transparente. Não, os meus olhos são transparentes. Quem os olha verdadeiramente vislumbra os meus sentimentos, as minhas vontades, os meus sonhos e desejos mais profundos. Consegue navegar nas tempestades que os assolam e encontrar consolo no seu sorriso. Por vezes, são cataratas que jorram águas violentas e avassaladoras, num grito mudo. Outras vezes, são raios de um sol luminoso que ofuscam de tão intensos. São o brilho que a Lua reflete num pano negro infinito ou a neblina turva e distante que vagueia entre sonhos desvanecidos. São as portas para a minha alma, ora revigorada e imparável, ora saudosa e introspetiva.
Quem me conhece bem sabe que gosto de olhar nos olhos. Sou incapaz de manter um diálogo sem contacto visual. Procuro nos olhos dos outros as respostas às minhas interrogações. Procuro a sinceridade que tanto aprecio. Procuro a essência, o verdadeiro eu daquele que é ou será, um dia, meu amigo. Gosto de embrenhar-me no olhar dos outros, tentar descobrir as histórias que me contam e conquistar um sorriso cristalino e sincero, doce e colorido como um pirolito.
Para alguns sou desconcertante, para outros sou simplesmente EU! Sou assim... transparente. Quem me olhar nos olhos verá a minha alma, encontrará a fonte da minha inspiração - uma vontade gigante de sonhar e gritar aos sete ventos quão feliz sou eu!

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