domingo, 18 de novembro de 2018

À procura de inspiração



Pensei muito antes de escrever. Tenho andado sem vontade de falar, fechei-me mais um pouco. Não é egoísmo. Apenas tento digerir e interiorizar o que me fez sair do trilho para poder voltar a percorrer o meu caminho. Faço-o sempre que experimento algo que me dói. E o que me provoca esta dor, este súbito sentimento de desnorte? Tenho de tomar decisões. Sei bem por onde seguir, sei o que fazer. Porém, também tenho receio de falhar. E este sentimento, que não é novidade para mim, começa a pesar. Talvez seja indício de algum cansaço - "Elas não matam mas moem"!
O ano letivo que decorre começou confuso... a escola inclusiva tão desejada parece-me uma miragem. A inclusão não significa perda de direitos ou substituição de uns por outros. A inclusão significa ser-se aceite com todas as nossas imperfeições e ser-se livre como tal, sem ter de ser confrontado ou apontado e sentir a nossa liberdade diminuída. Não há lugar para a experimentação como de cobaias se tratassem. São miúdos, crianças ou jovens, que de repente perderam apoios que lhes proporcionavam aquisição de competências e aprendizagens, num meio propicio e calmo. Agora estão em salas de aula, sem os apoios de professores de educação especial, alvo de reavaliações que anulam todo o percurso e trabalho feito ao longo de anos. O que me revolta é o desperdício humano, o desperdício de trabalho árduo e vitórias alcançadas com sofrimento e suor. Tudo o que estas crianças e jovens deram para corresponder ao que lhes era solicitado. Todo o empenho e dedicação dos meus colegas que vestiram a camisola da educação especial e deram o seu melhor. Às minhas questões recebo sempre a mesma resposta - vamos aguardar o fim do primeiro período para definir estratégias. Muitas escolas já têm as estratégias bem definidas. Continuaram a implementar os apoios e medidas que eram adequadas aos alunos. Outras retrocederam, sem saber o que faziam, e encontram-se em fase de reavaliação. Outras encontram-se no limbo. E eu pergunto apenas se sabem a importância do tempo para estas crianças e jovens! O retrocesso que este tempo poderá significar nas suas vidas! 
Ando revoltada com tudo isto. Vivo esta trapalhada como mãe e como professora. Faço o melhor que sei e posso mas sei que não é o suficiente. Assim, sei que terei de relativizar. Arregaçar as mangas e seguir em frente na procura de soluções que me apazigúem a alma e me mantenham os pés no chão. 
Abrirei novamente a minha caixinha de música e procurarei na sua melodia a inspiração que senti perdida. 

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