terça-feira, 25 de abril de 2017

Mistérios da vida



Na minha juventude, numa fase de escolhas que determinariam o meu futuro, concorri à universidade e as minhas opções foram os cursos de geologia, enfermagem e psicologia. Apesar de serem cursos muito diferentes, aparentemente, tinham algo em comum - o contacto com pessoas. 
Sou professora e, como costumo dizer - gosto de deixar a minha marca - mas também sou marcada pela pluralidade de histórias dos meus alunos e enriqueço como profissional e como pessoa. O que lhes transmito? Acredito que são melhores do que se julgam, que são capazes e devem seguir os seus sonhos, apesar de serem constantemente apontados como inúteis pela sociedade. Como poderemos construir um futuro se não potenciarmos as suas principais personagens? Como poderemos ansiar por cidadãos proativos e altruístas se os rotulamos de inertes e parasitas? Lutarei, lutarei enquanto me for permitido, contra esta corrente que teima esboçar um futuro decadente para as nossas crianças e jovens. 
Questionar-se-ão sobre a importância de tal devaneio e respondo - é este o propósito da minha vida: ajudar os outros a encontrarem o seu caminho - simples.
Como qualquer mortal, idealizei uma vida simples, sem grande turbulência. Casei-me e constitui a minha família. Fui abençoada com o Diogo e a Laura, duas crianças que me enchem a alma e que acredito terem sido enviadas com uma intenção. Sim e não: sim, acredito que me foram enviadas e não, não sou maluca. É neste momento que a minha vida se livra de todas as amarras e ganha novo significado. 
Descobri que estava grávida do meu filho através de um recado que teve a minha avó Aida como intermediária. Um sonho em que estivera com todos aqueles que já não se encontravam entre nós, com excepção da minha tia Teresa. No entanto, deixara-lhe a mensagem que estaria a preparar a menina para a Ticha e que seria muito parecida com o pai. Compreendi a mensagem, fiz o teste e já estava grávida. Nasceu o Diogo. Pensei, na altura, que tinha sido coincidência... 
Passados três anos, engravido novamente. O pesadelo, vivido com a epilepsia refractária do Diogo, acalmara e pensávamos dar-lhe um irmão. Recordo-me do esquecimento da toma da pílula e de pensar - se não acontecer, é porque não é a hora, e se engravidar, terei uma menina. Soube, desde logo, que assim seria e assim foi - nasceu a Laura - carinha do pai!
Questiono-me constantemente sobre a vida... a minha e a que me rodeia. Se em tempos julguei que o meu destino estava traçado - algo me estava predestinado - hoje atrevo-me a dizer que sinto-o com mais convicção. A vida é um mistério que aguça a minha curiosidade e faz com que transcenda os limites da simples existência material, questionando-me se tudo se limita a este plano físico em que nos encontramos. Sim, por vezes, penso que alucino e formulo teorias, muito pessoais, baseadas apenas na minha vivência. Mas como refutar aquilo que sinto tão intensamente e é colocado no meu caminho?



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