segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Um lugar ao sol


As palavras, por muito fortes que sejam em significado, não têm o poder para descrever sentimentos tão profundos como o amor que tenho pelos meus filhos e a dor que sinto, a cada tentativa fracassada, na procura da resposta para a epilepsia do Diogo. Maldita! Maldita epilepsia! 
É inimaginável o sofrimento e a tortura que a impotência nos inflige. Ninguém vê,... ninguém sente,... mas fico atordoada, quase desligada deste mundo, e a insanidade vem lentamente tentar conquistar aquilo que julga ser dela há muitos anos. Desengane-se quem me toma por super mulher pois não sou mais do que ninguém. Sou mãe! 
Sou mãe de duas crianças lindas - o Diogo e a Laurinha - e sofro por sê-lo, por tê-lo desejado, acima de tudo, e por não conseguir um milagre para o meu filho. Só um pequeno milagre... Resta-me apenas dar o meu melhor, sem seguir manuais, sem seguir receitas, fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que sejam crianças felizes. E são!
A Laurinha é o nosso furacão, leva tudo e todos à sua frente. Eu sei que pouco escrevo sobre a minha princesa mas penso não ser necessário dizer mais do que está dito. O meu amor por ela é confiante, tal como aquele de quem me lê e o partilha com os seus filhos. Encanta todos e convence todos. Tem perfil de líder e acredito convictamente que aquilo que desejar será realizado.
Apesar de ter sofrido imenso nesta sua curta vida, o Diogo é uma criança que transborda felicidade e é nele que me revigoro a cada embate, a cada queda, a cada frustração. O meu filho é o meu mestre na aprendizagem do que é a Vida. O meu filho ensina-me e inspira-me!
Se o meu amor fosse menor, o caminho que percorro seria de escuridão, de fracasso e desilusão. Ao longo destes anos, tive o desgosto de ver mulheres - mães como eu, de crianças com problemas de saúde - abandonarem os seus filhos nos hospitais, de os rejeitarem, tal como crianças que colocam de lado um brinquedo defeituoso por já não gostarem dele. Questionei-me sempre como era possível... se o meu amor cresce a cada dia, a cada obstáculo que ultrapassamos juntos.
O meu filho é uma das razões da minha vida. Vivo para ele e para a Laura. Vivo para os meus amores. A minha vida sem eles seria pintada de escuridão, privada de sonhos, encontros e reencontros. Assim, quando me sinto sem rumo e sem norte, isolo-me. Fico comigo, apenas comigo, e o copo transborda. Vivo horas, por vezes dias, de desespero interior mas livro-me de tudo, de todos esses sentimentos negativos. Ultrapasso e, quando a tempestade passa, abro uma janela e deixo o sol entrar novamente na minha vida. Nesses momentos sinto-me capaz de tudo, sou novamente possuidora de uma esperança sem fim, de uma vontade tremenda de dar luta à vida.
Sei que o nosso amor é maior e tudo suportará! O tempo também é todo nosso! O horizonte que percorremos é longo mas sei que, um dia, encontraremos o nosso lugar ao sol...

A mãe ama-vos, daqui até à Lua!





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