quarta-feira, 6 de maio de 2015

Aceitar!



A aceitação também fez parte de todo um processo que se tornou muito longo e continua a sê-lo, sem ser visível um fim na linha do horizonte. A Ana, terapeuta do Diogo, disse-me muitas vezes que eu soubera fazer o luto e aceitara o que acontecera, seguindo em frente, mas a realidade não é essa!
Depois de sentir uma revolta imensa, que quase me consumiu, percebi que de nada me valiam as lágrimas. Passar os dias a rejeitar algo que passaria a fazer parte da minha vida não me parecia uma escolha inteligente, por isso, procurei informar-me cada vez mais sobre epilepsia, de modo a poder antecipar-me ou a ter sempre um plano B. Mantive-me atenta e observadora para conseguir dar respostas às necessidades do Diogo. Não fiz o luto, é impossível fazer o luto! O meu filho está vivo, com uma epilepsia refractária muito difícil e é isso que temos de aceitar... 
A aceitação não é espontânea nem total, vai instalando-se no nosso interior, a cada degrau que subimos. Passamos por muitas fases e, no início de cada uma delas, sofremos um choque. Podemos pensar que estamos preparados para tudo mas estremecemos quando nos tocam na ferida. Nós não vivemos em função da epilepsia do nosso filho mas estamos bem cientes de que ela faz parte das nossas vidas. Sendo assim, o que podemos fazer? Arregaçar as mangas e seguir em frente. O único caminho é em frente, não existem outros e para quê olhar para trás? Restam-nos as experiências vividas, os ensinamentos que soubemos retirar delas e esperar não repetir erros anteriores.É proibido desistir e, como o Diogo diz, “desistir é para os fracos"!


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